Esta resenha pode conter spoilers
The Shipper é engraçado, mas falha em ser aprazível.
Assim que o trailer saiu eu já imaginava qual seria o desenrolar da trama. A questão da troca de corpo e as relações que nela implicam com personagens opostos que se vêem em pontos de vistas diferentes com objetivos diferentes e que no final, não levaria a lugar algum. Isto é, não só o compromisso que a obra se propõe a realizar: conduzir uma relação "bromance" entre os personagens que seriam tecnicamente os trilhos que conduziriam a trama, com Pan como motor do enredo que serviria como combustível para levar essa relação a um outro patamar. Porém, infelizmente, a trama deixa de ser o que era para se tornar uma repetição de eventos constantes que circulam e circulam e no final, como um grande problema sem solução, despeja um drama risível e que não convence.
A trama parecia promissora, não inovadora, mas tinha potencial. Tanto Pan como Soda quando são apresentadas indicava que a trama de duas fujoshis que escreviam fics yaoi sobre Kim e Way seria algo ao mesmo tempo cômico como levantaria questões relevantes na relação KimxWay. Mesmo que isto não fique aparente até certo ponto. No entanto, para além da imaginação fértil das garotas com suas fics e descrições da relação de KimxWay, o maior problema que teima a persistir em todo o show - e que em momento algum tenta ser resolvido - é a incapacidade de trabalhar seus personagens. Não apenas por mudar constantemente o foco (exemplo: Pan x Way / Pan x Khet / KimPan × Way / Way x Kim / Soda x Kim) e tudo isso não acopla nada na trama, apenas a prolonga e a torna cansativa e repetitiva.
No momento em que a troca de corpos se torna algo unilateral, e Kim desaparece da trama para Pan assumir seu lugar, tudo começa a perder o foco. Não só a história não satisfaz ou explica o porquê disto ter ocorrido de forma que seja crível, já que no momento em que ocorre o acidente e no momento em que Pan assume o corpo de Kim e passa a viver como ele, Kim é abandonado e não existe nada que corrobora com sua morte, nem mesmo é levantado essa questão até o momento em que milagrosamente Yommatuth tem uma epifania ao relatar que a alma de Kim se perdeu e que ele estava de fato morto - sequer parece ter algum sentido isso - parecia ser um grande e dramático plot twist. Se não fosse pelo abuso de artifícios de roteiro usado de forma inconveniente, inverossímil e que conduz à plot hole por todo o roteiro. Não existia nenhuma indicativa, nem mesmo foi feito uso de foreshadowing para poder criar e pavimentar o palco para esse desenrolar. O show simplesmente decide que optar por usar de um plot twist tão drástico - já que ele alimenta esperanças de que Way e Kim vão se encontrar - seria algo chocante. Não, não é chocante é absolutamente inconveniente e desagradável, tanto por ser um furo no roteiro, como por não acrescentar nenhuma resolução ao problema: como o proprio anjo da morte não sabia e depois soube para depois dizer que sabia e que não apenas não tinha solução para fazer Pan voltar ao seu corpo como no final apresenta a solução de forma tão comovente? É claro que o clichê do "beijo do amor verdadeiro" era a solução desde o princípio, o uso do deus ex machina é a conclusão mais comum para tais problemas. Porém, o principal problema não é o clichê é seu uso na trama.
A obra gasta doze episódios para andar em circulos e concluir de forma pouco agradável as nuances que criou. Ou seja ela fica em: Pan assumir o corpo de Kim, se aproximar de Way, tentar fazer seu shipper ser real, mantém isso, aparece problemas, ela descobre que Kim não era "santo", se envolve nos problemas da vida dele, não soluciona problemas, gera problemas, troca de corpo, volta pro corpo do Kim, Way se descobre apaixonado por Kim, e tudo isso ainda na idéia de que Kim estava apenas adormecido e que uma hora iria acordar. Alimentar a idéia de que em algum momento ele despertaria.
Khett é a única coisa que não falha, como o personagem é objetivo ele tem seus próprios interesses e os mantêm até o final. Objetivamente falando é o único personagem da obra que têm um desenvolvimento bastante aprazível. Ao menos não é decepcionante. Já que ao realizar um plot twist tão "chocante" em que Kim está morto, Way que revela seu amor ao melhor amigo no final, com a revelação de Pan sobre a morte do garoto tragicamente fica só - mas ao menos tem a revelação "mágica" de Kim por alguns instantes para deixar o espectador ainda mais "comovido" com a situação caótica que o garoto se encontra - descobre que seu amor por seu homólogo é recíproco. Apesar dos pesares, isto parece como uma resolução, já que Kim está de fato morto, ao menos temos uma resposta evidente dele.
Com isso, a trama que surge como uma troca de corpos - exclusiva de Pan - para Kim criou o palco para Way descobrir seus verdadeiros sentimentos pelo melhor amigo, para a própria Pan descobrir que Khett a amava - e ela possivelmente ter o mesmo sentimento resguardado -, e com isso, terminar a trama fechando todos os componentes, mas deixando um gosto amargo pela forma como os realizou.
No geral, a obra me fez rir, mesmo contendo erros objetivos na trama ela consegue "cumprir" o que se propôs a realizar, mesmo que não de forma verossímil e agradável, criando uma trama repetitiva com uso constante de soluções deus ex machina que tornam a obra um clichê subjetivamente assistível, mas objetivamente desagradável e também esquecível na mesma medida.
A trama parecia promissora, não inovadora, mas tinha potencial. Tanto Pan como Soda quando são apresentadas indicava que a trama de duas fujoshis que escreviam fics yaoi sobre Kim e Way seria algo ao mesmo tempo cômico como levantaria questões relevantes na relação KimxWay. Mesmo que isto não fique aparente até certo ponto. No entanto, para além da imaginação fértil das garotas com suas fics e descrições da relação de KimxWay, o maior problema que teima a persistir em todo o show - e que em momento algum tenta ser resolvido - é a incapacidade de trabalhar seus personagens. Não apenas por mudar constantemente o foco (exemplo: Pan x Way / Pan x Khet / KimPan × Way / Way x Kim / Soda x Kim) e tudo isso não acopla nada na trama, apenas a prolonga e a torna cansativa e repetitiva.
No momento em que a troca de corpos se torna algo unilateral, e Kim desaparece da trama para Pan assumir seu lugar, tudo começa a perder o foco. Não só a história não satisfaz ou explica o porquê disto ter ocorrido de forma que seja crível, já que no momento em que ocorre o acidente e no momento em que Pan assume o corpo de Kim e passa a viver como ele, Kim é abandonado e não existe nada que corrobora com sua morte, nem mesmo é levantado essa questão até o momento em que milagrosamente Yommatuth tem uma epifania ao relatar que a alma de Kim se perdeu e que ele estava de fato morto - sequer parece ter algum sentido isso - parecia ser um grande e dramático plot twist. Se não fosse pelo abuso de artifícios de roteiro usado de forma inconveniente, inverossímil e que conduz à plot hole por todo o roteiro. Não existia nenhuma indicativa, nem mesmo foi feito uso de foreshadowing para poder criar e pavimentar o palco para esse desenrolar. O show simplesmente decide que optar por usar de um plot twist tão drástico - já que ele alimenta esperanças de que Way e Kim vão se encontrar - seria algo chocante. Não, não é chocante é absolutamente inconveniente e desagradável, tanto por ser um furo no roteiro, como por não acrescentar nenhuma resolução ao problema: como o proprio anjo da morte não sabia e depois soube para depois dizer que sabia e que não apenas não tinha solução para fazer Pan voltar ao seu corpo como no final apresenta a solução de forma tão comovente? É claro que o clichê do "beijo do amor verdadeiro" era a solução desde o princípio, o uso do deus ex machina é a conclusão mais comum para tais problemas. Porém, o principal problema não é o clichê é seu uso na trama.
A obra gasta doze episódios para andar em circulos e concluir de forma pouco agradável as nuances que criou. Ou seja ela fica em: Pan assumir o corpo de Kim, se aproximar de Way, tentar fazer seu shipper ser real, mantém isso, aparece problemas, ela descobre que Kim não era "santo", se envolve nos problemas da vida dele, não soluciona problemas, gera problemas, troca de corpo, volta pro corpo do Kim, Way se descobre apaixonado por Kim, e tudo isso ainda na idéia de que Kim estava apenas adormecido e que uma hora iria acordar. Alimentar a idéia de que em algum momento ele despertaria.
Khett é a única coisa que não falha, como o personagem é objetivo ele tem seus próprios interesses e os mantêm até o final. Objetivamente falando é o único personagem da obra que têm um desenvolvimento bastante aprazível. Ao menos não é decepcionante. Já que ao realizar um plot twist tão "chocante" em que Kim está morto, Way que revela seu amor ao melhor amigo no final, com a revelação de Pan sobre a morte do garoto tragicamente fica só - mas ao menos tem a revelação "mágica" de Kim por alguns instantes para deixar o espectador ainda mais "comovido" com a situação caótica que o garoto se encontra - descobre que seu amor por seu homólogo é recíproco. Apesar dos pesares, isto parece como uma resolução, já que Kim está de fato morto, ao menos temos uma resposta evidente dele.
Com isso, a trama que surge como uma troca de corpos - exclusiva de Pan - para Kim criou o palco para Way descobrir seus verdadeiros sentimentos pelo melhor amigo, para a própria Pan descobrir que Khett a amava - e ela possivelmente ter o mesmo sentimento resguardado -, e com isso, terminar a trama fechando todos os componentes, mas deixando um gosto amargo pela forma como os realizou.
No geral, a obra me fez rir, mesmo contendo erros objetivos na trama ela consegue "cumprir" o que se propôs a realizar, mesmo que não de forma verossímil e agradável, criando uma trama repetitiva com uso constante de soluções deus ex machina que tornam a obra um clichê subjetivamente assistível, mas objetivamente desagradável e também esquecível na mesma medida.
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